Vou escrever sobre um fato ocorrido hoje com personagens e tempo
diferentes, o que altera totalmente o cenário da história. Decidi redigir em ordem
cronológica inversa, pois desejo terminar este texto lindamente.
A tecnologia nos oferece vantagens que antes, víamos somente
na rotina de Os Jetsons *. Por
exemplo, a internet nos permite navegar a qualquer lugar do mundo. Há vários
tipos, modelos, tamanho, cores de computadores, notebooks, netbooks, tablets, etc;
à gosto do freguês. E mais, temos praticamente a tecnologia de todos eles na
palma da mão. Brinco com uma amiga que tem um desses aí, que o dela faz até
frango assado de padaria. Pois, é justamente o aparelho telefônico móvel, um
dos objetos motivadores deste desabafo.
Voltando para casa depois de quase doze horas de trabalho,
estava eu sentada no banco do ônibus.
Como é de costume, coloquei os fones em meus ouvidos, conectei no celular,
para ouvir minhas músicas preferidas; é assim que gosto de viajar. Prefiro imaginar que não estou ali. Mas um
casal de adolescentes exageradamente apaixonados me trouxe de volta a
realidade. Ambos ao meu lado faziam questão de seguir a viagem, abraçados, dividindo
o fone do celular, me cutucando para equilibrarem-se e continuarem em pé. Parecia
que escutavam alguma coisa do tipo stand up. Não tenho nada contra esse tipo de
humor, acho até divertido, inteligente, crítico; exceto aqueles que
ridicularizam as pessoas e que as expõem em situações de humilhações. Mas daí,
além de compartilhar entre si, rir e falar alto, incomodar os demais
passageiros é um jeito péssimo de retornar para casa!
Algo semelhante aconteceu no começo da manhã. Esperei por
quase quarenta minutos para conseguir pegar um ônibus, o que me fez chegar bastante
atrasada no trabalho. E como já disse antes, estava eu novamente ouvindo minhas
músicas, mas desta vez eu é quem estava em pé. No intervalo de uma seleção e
outra, alguém ouvia música "no modo auto falante do celular”. Se não me engano
era Luiz Gonzaga. Mas, como assim? O som
que costuma sair desses aparelhos é funk, eletrônica, pagode, rap, enfim, gostos
que agradam seus proprietários, que geralmente são de adolescentes. Não estou aqui para fazer crítica musical, mas
fiquei intrigada com tal gosto, pois era peculiar entre os jovens. Continuei a achar absurdo e comecei a procurar
quem era o “sem noção”. Quando me deparei com um “adolescente” sentado no banco
de idosos de aproximadamente 80 anos. Sobre o seu colo, a origem do som
que ecoava o baião: um rádio de pilhas com antena e tudo! Agora que estou prestes a fechar minhas pálpebras, é a primeira imagem que vejo;
e o som, que saiu daquele objeto tão antigo, ainda ressoa nos meus ouvidos
lindamente!